domingo, 23 de junho de 2013

De volta pra estante #89: O Torreão.

# - O Torreão Nome: O Torreão

Autora: Jennifer Egan.

Editora: Intrínseca.

Comprar: SubmarinoFNACSaraiva.

"Perdemos a capacidade de inventar coisas. Passamos esse trabalho para a indústria do entretenimento, e ficamos sentados por aí babando na camisa, enquanto eles fazem isso por nós."

 

   Mais um livro que poderia ter sido melhor… se não fossem minhas expectativas.

   Sempre espero encontrar um nível de leitura diferente quando pego autores vencedores de prêmios, e procuro determinar o que os fez merecedores da honra. Devia ter me precavido: Jennifer Egan recebeu o Prêmio Pulitzer de Ficção 2011 por outra obra – “A visita cruel do tempo”, que está na fila de leitura – , e não por “O Torreão”.

  Para os leigos, torreão é a estrutura de um castelo, em formato de torre, que tem como função a defesa da propriedade. Esta é a primeira coisa que chama a atenção de Danny, um adulto de quase 40 mas que se veste como um punk de 20; ele havia sido convidado por seu primo, Howard, para ajudá-lo em um novo empreendimento, numa cidade de nome impronunciável na Áustria, Alemanha ou República Tcheca (“essas fronteiras vivem deslizando para cá e para lá”). 

   O personagem de Danny é tão singular que define o celular como lar: só quando está em uma ligação, parte cá e parte lá, que ele se sente completo. Ele tinha tudo para ser alguém na vida, mas uma sucessão de escolhas erradas o levou a aceitar o pedido do primo sem pensar duas vezes – mesmo que os dois tenham um passado conturbado.

   A proposta de Howard é transformar um velho castelo em um hotel que recobre o modo de viver da Idade Média, quando o homem dependia de si e dos outros para viver, e não de máquinas. No final, a região deve se transformar em um retiro espiritual para o homem moderno.

   Esse contraste e todas discussões sobre a interação homem-tecnologia incomoda – olhe para você, agora! Está fazendo uso de um equipamento que está ligado sabe-se lá desde quando! E a parte mais peculiar em montar um negócio a partir do afastamento dessas tecnologias é a necessidade dele existir. Quem não gosta da ideia de passar um fim de semana na fazenda desde que tenha sinal de celular?

  A história vai além, ao mesclar esse enredo com a de um presidiário que frequenta uma oficina de escrita. O momento em que os caminhos se cruzam é tão sutil que senti como se virasse o livro do avesso. Enquanto lia, sentia que ia entrando em um estado quase de meditação – ao contrário de todas as leituras que tenho feito. Não me foi despertada nenhuma empatia pelos personagens, mas estive ao lado deles e evolui paralelamente.

   Por fim, acredito que o que me prendeu até o final foi o clima neogótico do romance. Fazia tempos que não tinha contato com esse tipo de narrativa, que leio menos que gostaria.

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